sexta-feira, 3 de maio de 2013

Clinch de corredor

Clinch, no boxe, é uma forma de livrar-se de uma eventual sequência de ataques desferidos pelo oponente, imobilizando os braços do mesmo com um abraço.

Whippet é uma raça canina do grupo dos galgos oriunda do Reino Unido. Estes caninos são conhecidos como potentes caçadores e atletas natos, em vista de seu físico aerodinâmico. São considerados de aparência elegante e aparentemente delicada. Apesar de requererem bastante exercícios, estes cães são calmos em casa, o que os torna bons animais de companhia. De pelagem curta e fina que apresenta-se em variadas cores, necessita de casacos durante o inverno. Podendo medir até 70 cm e pesar 25 kg, é classificado com um cão de médio porte cujo adestramento apresenta dificuldade moderada para donos inexperientes.

Tirei essas duas definições da wikipédia.

Eu não tinha percebido que era um Whippet. Mal identifiquei aquele negócio fininho, branco e cinza, como um cachorro. Passou pela minha frente, pela beira do mar, a cem por hora. O alvo: minha cadelinha salsicha, que estava escavando o vigésimo buraco em busca de um siri (ou parente). Ela tomou um susto tão grande que saiu em desabalada carreira com ele no seu encalço. Percebendo que aquele magricelão ia levar a melhor, a bichinha entrou mar adentro, não sei se para fugir ou para tentar o suicídio. Quando eu a alcancei nadando enlouquecida, a água já estava quase na minha barriga, o que, para um dachshund, significa uma profundidade abissal. O atlético canídeo estava quase submerso, mas seguia pulando as ondas. Não sei até onde iria a tenaz perseguição se eu não tivesse aparecido para o espetacular resgate. Fim da parte I.

Decido chamar os donos daquele desajeitado animal adolescente esganiçado que não parava de encher o saco da minha cadela, ainda apavorada, mas em segurança, no colo do meu namorado. Me aproximo do cão imberbe e da menininha, sua provável proprietária mirim, de uns seis ou sete anos. A bisquinha deitou no chão falando que estava cansada de correr até o cachorro. Eu falei para ela chamar o pai dela, para prender o cão. Ela falou que o cachorro era da mãe dela.  E eu: Então chama a tua mãe. E ela: Para quê? (guria burra). E eu: Para prender o cachorro. E ela: (... cara de guria burra mesmo). E eu: Cadê a tua mãe? E ela: Lá no fundo. Olho lá no fundo e vejo a mãe vindo em passo de tartaruga perneta na nossa direção. Uma pressa arretada... Ô paciência... Penso que devia ter dado uns cascudos na guria bocó antes de ela chegar. Teria dado tempo de sobra. Olho para o cachorro e... cadê o cachorro? Perseguindo minha outra cadela! E lá vem a outra salsichinha, pedir colo, que o impertinente não para de cheirar a pepequinha dela. Fim da parte II.

A parte III  foi a mais rápida, mas a mais emocionante. De cachoro de corrida, o tal do whippet, que se chamava Fly, ou Flai, virou um lutador de boxe. Foi  eu pegar a cadela 2 no colo e ele começou a pular em mim. Quando em empurrava ele para longe, ele voltava com um clinch e eu não conseguia me soltar. Num desses lançes, ele baixou minha sunga, expondo meu belíssimo patrimônio a dois casais de terceira idade que observavam sem ação. E seguem-se pulos, eu elevando cada vez mais a cadelinha, para que ele não a alcançasse, e ele pulando cada vez mais alto. E me abraçando pela frente, pelo lado, por trás!! Parecia um polvo com patas de cachorro. Cruzes. Foi quase uma sessão de drenagem linfática, tanto o bendito me espremeu.

A parte IV começa com a dona dele chegando e mandando ele parar. E ele parando. Ela, a mãe molenga, espantadíssima, querendo saber se tinha sido ele que fizera "aquilo" comigo. E, na sequência, eu me olhando e descobrindo porque lutadores de boxe usam luvas...Meu corpitho estava todo lanhado! Parecia que eu tinha sido chicoteado por duendes!!! Várias, mas várias escoreações. "Aquilo" me apavorou ligeiramente. Deixei a cadela 2 e a cadela 1 com o namorado e entrei no mar para tentar limpar de alguma forma os incontáveis arranhões. Nunca repita isso em casa, sem o acompanhamento de um adulto responsável...Ardeu muuuuito. Parecia um ataque de mães d'água e caravelas ao mesmo tempo. Pqp! Bora casa passar água oxigenada (aí sim descobri o que é arder!), lavar com sabão e torcer para que não infeccione nada nem me dê tétano ou alguma coisa igualmente pavorosa.

Amanhã, 48 horas após o ataque, vou fazer um reforço da minha vacina anti-tetânica, que está mais do que vencida. Vou, também, mostrar para algum profissional da saúde um dos cortes na minha cintura, que está muito esquisito, com um peixinho vermelho no entorno. Os demais estão bem sequinhos, a caminho da cura. Se tudo correr bem, amanhã volto ao blog e concluo a parte V. Caso contrário (glup, esse arranhão tá muito horrivelzão), esse parágrafo aqui fica valendo como o capítulo final...


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