terça-feira, 23 de novembro de 2010

Hoje eu quero chorar...

E quem foi que disse que homem não chora? Ou que precisa de um bom motivo para chorar? Pois hoje, do nada, bateu um não sei quê de nostalgia, melancolia, saudade... assim, sem ter por que.

E quando dá essas coisas estranhas visito A Casa de Rubem Alves, onde encontro de tudo. O que quer que eu queira sentir encontra eco em algum texto, alguma crônica nova ou antiga dele.

No comum das vezes, para chorar, gosto de ler a história O Menino e a Borboleta Encantada. Mas hoje encontrei uma nova, O Jardineiro e a Fräulein. Muito comovente. Diz ele (Rubem) que é uma história real. Ainda maior a razão para chorar. Como em Razão e Sensibilidade, a situação vivida pela Emma Thompson e pelo Hugh Grant em que ela entende tudo errado, acha que ele está comprometido e decide esquecê-lo. Ambos sofrem em silêncio. Desnecessariamente. Impossível não chorar.

A verdade é que a idéia de separação sempre me atordoa um pouco. Quando a separação é definitiva, então... mas o que mais acaba comigo é aquele momento imediatamente anterior, em que se compreende e aceita a separação (ou a morte) como algo inevitável. Foi por isso que eu comecei a sentir aquela coisa esquisita embolando na garganta há pouco, ao tentar tocar no violão a música Veterano, do Leopoldo Rassier. A percepção de que o fim (ou a passagem) se aproxima e que não há nada a fazer a não ser enfrentar o momento de cabeça erguida, é muito comovente.

Sim, estou ciente de que este texto está um tanto desconexo. Mas talvez faça algum sentido para quem conhece os textos, o filme e a música.

De qualquer forma, hoje não estou para escrever. Estou para chorar rios. E, quer saber, vou reler a história do menino e da borboleta!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Pilates para o cérebro

Recebi, ontem, um e-mail com esse título e me interessei. Ocorre que comecei a fazer pilates há duas semanas, para sair do meu estado polenta, e acho que está surtindo alguns espantosos resultados. Pois se pilates para um corpo decadente parece funcionar, por que não aplicar a técnica a um cérebro já não tão ágil?

Abri a tal mensagem eletrônica e já fui percebendo que me enquadrava no grupo que carece deste tipo de exercício. Eram citadas algumas situações que já se tornaram corriqueiras para mim.

Situação 1: Vou comentar com alguém um filme ótimo que é com aquele ator, sabe, aquele, que fez aquele outro filme, que é filho daquele bem famosão, que casou com aquela, linda, morena, que fez acho que foi... Zorro! E o interlocutor fazendo sinal de que sim, sabe, mas não lembra porcaria nenhuma.

Situação 2: Acordo e saio com a maior pressa do mundo para o trabalho e quando fecha o portão eletrônico não lembro mais se eu tranquei ou não a porta de casa com chave. Volto só para perceber que estava tudo ok.

Situação 3: Procuro meus óculos de leitura por todos os cantos, reviro a casa, prometo a Santo Antoninho dar três pulinhos se encontrar e, quando desisto, percebo que estavam o tempo todo pendurados na gola da camisa...

Sim, me enquadro em todas as situações e decido que pilates para o cérebro é tudo o que eu mais preciso neste momento sombrio de transição da velhice iniciante para a velhice nível intermediário.

Vamos às sugestões de exercícios:

Exercício 1: Fazer o maior número possível de atividades diárias com a mão não dominante. E lá vou eu escovar os dentes com a esquerda, abrir portas com a esquerda, até escrever algumas poucas palavras. Facinho. Comparando com um exercício normal, considerei um polichinelo cerebral.

Exercício 2: Fazer coisas comuns com os olhos fechados, estimulando os outros sentidos. Muito bem. Banho com os olhos fechados. Complicou um pouco. Passei o condicionador antes do shampoo. Percebi quando senti a textura cremosinha. Mas localizei com certa facilidade torneiras, saboneteira, e foi mais divertido. Equivelente a alguns abdominais mais elaborados.

Exercício 3: Trocar algumas coisas de lugar, como a lixeira da cozinha, por exemplo. O objetivo desse é evitar automatismos. Muito interessante. Fui pelo menos oito vezes colocar o lixo no lugar errado até que o cérebro se recondicionou com o novo lugar. Dá para comparar com aquele movimento que a gente faz girando uma mão em torno do umbigo e batendo a outra na cabeça, lembram? Complicadinho. Mas depois que se pega o jeito, não tem mais graça.

Então hoje de manhã decidi implementar algumas melhorias no tal pilates sugerido. Decidi guardar coisas usadas não tão diariamente assim, em lugares diferentes.

Resultado: Guardei algumas coisas que não lembro mais o que são em algum lugar que não lembro mais onde fica!

Quem foi o bocó que inventou esse tal pilates para o cérebro?