sábado, 22 de maio de 2010

Mentiras sinceras me interessam...

Mulher! Nem consegui dormir direito pensando naquilo que você contou! Como é que você sai correndo e deixa o cara lá, sem dizer palavra? Te contá, hein, Claudinha! Ainda mais um aleijado. Deus o livre! Isso não se faz, visse? E logo um desses, todo bonzinho, que você já conhecia tão bem. Pensa que homem dá em árvore, é? Mas se não chamar de aleijado chamo de quê? Olha que você tá ficando mais é besta, visse? Deficiente. Tá bom. Deficiente. Mas me conta o que deu na tua cabeça. Pois eu sei que ele mentiu. Escondeu que era ale... deficiente. Mas vai saber o que ele pensou. Como não podia? E você não mentiu nunquinha prá ele? Mulher!! Eu te conheço, corto um dedinho se você contou tudo prá ele, tintim por tintim. Duvideodó! Ah! Bonito. Você podia ter medo que ele desse o fora se soubesse de tudo, mas ele não podia. Sim, concordo. Se ele mentiu isso, também pode ter mentido sobre o dinheiro, a profissão, o vidão... mas não é fugindo que você vai saber se é ou não é verdade. Tinha que ter dado uma chance pro pobre se explicar. E para com isso. Cara feia prá mim é fome. Só porque sou sua amiga não significa que eu vou achar todas as besteiras que você faz bonitinhas. Cuida! Para de se mexer que vai borrar o esmalte outra vez e eu não vou mais ajeitar! Tá chorando por quê? Ainda bem que arrependimento não mata. É só ir lá na lan house e mandar uma mensagem dizendo que fez bobagem. Pedir perdão. Claro que ele vai aceitar. Homem é tudo mole. E ainda mais ele, que não deve ser muito cheio de mulheres... Chega de lamúria, Claudinha. Queria o quê? Um príncipe encantado montado num cavalo branco? Vai ficar dando uma de orgulhosa e passar o resto da vida enfiada naquela enfermaria, trabalhando que nem burro de carga, prá chegar no final do mês e o dinheiro dar só para pagar as contas? E daí se ele não puder transar! Não é você que vive dizendo que não gosta? Que se não fosse precisar de um extra de vez em quando mandava aquele médico velho pastar e não dava prá mais ninguém? Pense. Vai ser até bom. Não adianta, nada que você me diga vai me fazer mudar de idéia. E se você não estivesse arrependida não estaria aqui jogando conversa fora. Pena de você? Nada! Pena eu tenho é dele! Olha Claudinha, se isso que você está me dizendo é mesmo verdade, que você estava gostando dele, que já pensava até em casar, em ficar com ele prá sempre, então vai à luta, colega. Não é todo dia que aparece uma oportunidade dessas. Claro que não é o que você sonhou! E por acaso já se viu alguém rezando para aparecer um aleijado? Tá, desculpa! Saiu sem querer! Mas e se ele é mesmo tudo o que disse? E se todo o resto for verdade? Ele não vai esperar prá sempre, visse? Agora apóia a cabeça aqui para eu dar jeito nessa sobrancelha.
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Para: Luiz Claudio Cerqueira Albuquerque
Assunto: Desculpa?

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