sexta-feira, 8 de outubro de 2010

All we need is love

Tudo o que precisamos é amor. Pois foi o que vi nas três peças de teatro que deu tempo de assistir no Rio. Se no atual cenário político nacional tudo acaba em pizza, nessas três historinhas tão diferentes tudo acaba no desejo de ter alguém.

Em Pterodáctilos o Marco Nanini encarna a personagem de Ema, uma adolescente rica que se apaixona por um rapaz pobre e o leva para casa, onde é trasformado em empregada pela mãe dela, que é alcoólatra. É um drama de uma família que está se extinguindo (por isso a referência ao dinossauro) tratado com um humor ácido, que provoca desconforto, tanto quanto o chão do cenário que se movimenta e se desfaz. Completa a tragédia o retorno do irmão de Ema que está com AIDS e com quem o namorado dela acaba se envolvendo. Tudo o que Ema quer é o amor que nunca teve do pai, ocupadíssimo em enriquecer, da mãe, às voltas com a bebida e futilidades, das pessoas que a desprezam por ser gorda e desajeitada e que tampouco terá do namorado, que se apaixonou por seu irmão.

Em Maria do Caritó Lilia Cabral interpreta, adivinha? Maria do Caritó, uma muher à beira dos cinquenta anos que passou a vida fazendo todo o tipo de promessas e simpatias infrutíferas a Santo Antônio. Seu pai a faz crer que a mãe morreu ao dar-lhe à luz e que para que ela, Maria, não fosse pelo mesmo caminho, a deu em noivado a São Djalminha, razão pela qual ela teria alguns poderes sobrenaturais que encantam os crédulos no sertão. Mas noiva de santo não pode casar e Maria sofre por se ver envelhecendo sem ter alguém. A comédia é engraçadíssima, mas o drama de não amar e não ser amado não tem graça nenhuma.

A última, talvez a mais estranha e que provoca mais reflexão, é a montagem nacional de um musical off-broadway que se prepara para ser encenado na Broadway. Trata-se de Hedwig e o Centímetro Enfurecido, com Paulo Vilhena e Pierre Baitelli. Olha que história maluca: Um gayzinho chamado Hansel (estamos na Alemanha Oriental) que adora rock conhece um militar americano. Esse militar promete levá-lo aos EUA desde que ele se submeta a uma operação de troca de sexo. Ele topa e muda o nome para Hedwig (para poder usar o passaporte da sua mãe). Mas a operação dá errado, o corte fecha e Hedwig fica com um centímetro apenas de pênis. Pensa que horror! Mas a tragédia continua. Nos EUA ele(a) é abandonado(a) pelo militar. Previsível, não? Então ele(a) começa a trabalhar com música e conhece um carinha chamado Tommy, por quem se apaixona e com quem passa a dividir o palco. Tommy vira um cantor de sucesso, mas não consegue conviver com a aberração que é Hedwig e o(a) abandona, roubando suas músicas. Hedwig então passa a segui-lo onde quer que ele se apresente, na esperança de que Tommy um dia lhe agradeça. Tudo o que Hedwig quer é o amor de Tommy.

Sim, resumi desgraçadamente as três peças, mas o que eu queria dizer, e disse, é que a maioria dos dramas humanos se resume a isso. Tudo o que precisamos é amor. Não importa sermos convencionais ou alternativos, endinheirados ou duros, inteligentes ou babacas, no fundo é isso o que todos queremos: amor.

E sempre há um chinelo velho para um pé torto? Não acredito em metade da laranja. Prefiro pensar que sou uma laranja completa. Acredito em côncavo e convexo(não estou com isso declarando preferir Roberto Carlos a Fábio Júnior, por favor!!!). E compreendo a necessidade de viver um grande amor (aí vem Vinicius...). Mas não vai encontrar o pires que a completa a xícara que se considera um jarro!

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