Sim, shake (ou xeique, na língua pátria) e cilício. Ambos são usados para mortificar o corpo, para expirar alguma culpa. Ambos são ineficientes. Ineficazes. Bobos.
Mais ou menos como dar uma moedinha para o guri no semáforo. Não vai resolver o problema dele, mas faz o doador sentir-se uma pessoa boníssima.
Aí vai o gorducho trocar uma refeição, de preferência o almoço, por um shake. Horrível. Mas que ele jura que é uma delícia. Por quê? Para ficar em dia com sua consciência, para fingir para si mesmo que está se cuidando. Para não ter que fazer a conta básica de mais e menos que é essencial: comeu mais, tem que gastar mais. Tem que se exercitar, tem que caminhar, tem que fazer alguma atividade física que vai além de levantar o copo de shake. Se não vai gastar, tem que comer menos. Menos açúcar, menos carboidratos, menos cerveja... Não consegue fazer nem uma coisa nem outra? Então aceite o corpinho fora do padrão que alguém inventou. Apenas procure se manter saudável. E coma coisas deliciosas!
Ainda assim não está dando certo? Ok, então tente o cilício. Para quem não leu o livro do Dan Brown, O Código Da Vinci, cilício é uma espécie de cinto feito de um material que machuca a pele, que o sujeito usa como uma forma de sacrificio pessoal. No livro um monge albino, que provocava arrepios, usava o cilício em volta da coxa e de vez em quando dava uma apertada, para sentir uma dorzinha mais forte, garantindo assim punição suficiente para quasiquer faltas que eventualmente tivesse cometido ou viesse a cometer. Deu vontade de comer um bolo enorme de chocolate? Aperte o cinto de cilício! Pensou em morangos com chantily? Cilício no corpitcho! Não pensou em nada, mas sabe que vai dar preguiça de caminhar amanhã de manhã? Tome cilício outra vez. Ao final de um mês e com algumas cicatrizes a mais (por isso recomendo o uso do instrumento de auto-flagelação em um lugar discreto do seu corpo) é muito mais provável que você estabeleça uma relação proveitosa com a balança do que tomando shake. Com a vantagem de que você pode oferecer esse sacrifício a algum santo, em troca de um benfício qualquer, matando assim dois coelhos com uma única cajadada.
Se os argmentos acima não foram suficientes, acrescento outro: reza uma lenda que as pessoas que vendem o tal shake milagroso não tem interesse na autonomia alimentar dos seus clientes. A última coisa que eles querem, é que o fofinho emagreça para sempre e siga sua vida desfrutando dos prazeres da boa mesa e longe da saborosa gororoba (argh!). Por isso é que tratam de criar uma atmosfera mística em torno dos adeptos do produto. E eu garanto: reconhecer que é uma porcaria almoçar uma coisa que não precisa ser mastigada não é um desvio de conduta. E revelo: Ninguém gosta, viu? Só não tem coragem de ser o primero a admitir.
Será de bom tom confessar que nunca tomei shake, tampouco usei cilício?
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