Ontem assisti ao filme Cisne Negro, com Natalie Portman e Vincent Cassel, que conta a história de uma gorota meio travada que se esforça para ser a primeira bailarina de uma companhia e protagonizar o clássico Lago dos Cisnes. Ela está ótima! Acho até que vai levar o Oscar de melhor atriz. E é linda, toda miudinha, traços clássicos, delicada... o que contrasta com ele, o total, o absoluto, o rude Vincent Cassel. Se há alguém capaz de personificar o adjetivo "masculino" é ele. Alto, forte, elegante, feio no exato limite . Simplesmente per-fei-to.
Bem, voltando ao filme, que recomendo muito, tem uma direção competente que faz com que a gente se envolva gradativamente até levar um soco no estômago, no fim.
Mas quero falar hoje sobre um aspecto que permeia a ação o tempo todo: o controle.
Controle dos movimentos, controle das emoções, dos pensamentos e das ações. Nina tenta tanto se manter certinha, boazinha, perfeitinha, que uma parte dela reage a isso através de auto-mutilação.
Tenho um pouco de medo das pessoas que são muito boas, muito controladas, que não brigam, que não se defendem, que apenas abaixam a cabeça e aceitam resignadamente o que vier. Tenho sempre a impressão de que haverá um momento em que, como uma bolha, vão começar a inflar, inflar, inflar, até que... Bum! Ou então detona-se uma série de problemas físicos ou psicológicos que nada mais são do que sintomas do excesso de auto-controle.
Como nesse período pré-oscar eu gosto de ver pelo menos aqueles filmes que concorrem às principais categorias, vi hoje O Discurso do Rei, com Colin Firth (costas perfeitas, esguio, alto, quadris estreitos, ombros largos... se eu fosse mulher, diria que estou ovulando). Bom filme, bom papel, mas acho que tantas indicações não procedem. Entretanto voltemos ao controle. Neste filme ele faz o papel do Duque de York, futuro Rei George VI, da Inglaterra (a história é verídica), que tinha um seríssimo problema de gagueira. Ele foi criado de forma extremamente severa, totalmete tolhido. Cheio de protocolos. Entre outras limitações, não podia escolher seus passatempos favoritos, tampouco usar a mão esquerda, que era sua mão dominante. Imaginem o absurdo. Controle. Excesso de controle. Resultado: gagueira. Incapacidade de se comunicar adequadamente.
O que não significa acreditar que devamos todos sair loqueando por aí (do verbo loquear, recém-inventado), totalmente descontrolados. Mas falar e fazer umas besteiras de vez em quando nos aproxima, se não da normalidade, pelo menos da sanidade!
E o ganso do título?
Ganso, cisne, marreco, não são todos patos?
Parem de me controlar!
Nenhum comentário:
Postar um comentário