quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Boca Louca

A boca só fala do que está cheio o coração. Foi isso que um amigo meu falou para outro amigo em resposta a um palavrão qualquer. Acontecimento de uns muitos anos atrás, da minha adolescência, que ocasionalmente vem à lembrança - o que me preocupa um tanto, já que é sabido que eles, os velhos, guardam memórias antigas em detrimento das recentes...hummm...

Mas não é de idosos que eu quero falar. É de depressão. Ou de um seu parente um pouco mais amemo. De um cansaço generalizado, de uma vaga certeza de que já vi esse filme antes e achei um porre... Quando a gente se sente assim, mesmo que tenha uma natureza alegre, festiva, exuberante, esfuziante (tá, sem exageros), não dá vontade de falar de qualquer coisa que não seja aborrecida, irritante, chata. O coração se enche de falta de saco para aturar todo mundo - encher de falta não é ótimo?? - e a boca vira os cantos para baixo e fica resmungando e maldizendo tudo e todos.

Aí vem a fantástica lei da ação e reação. Um chato atrai outro chato (ops, acho que essa é a lei da atração, mas não são os opostos que se atraem??).  Fico ranhetando aqui, alguém se sente atingido ali e devolve uma careta mal-humorada acolá(esta sim a lei do bate e volta!). Se só falo de coisas idiotas,  fico povoando minha cabeça de bobagens que me deixam ainda mais desgostoso com tudo. 

Essa história de neurolinguística parece acertar quando compara o cérebro a um arquivo de memórias. Falamos uma palavra qualquer e ele vai buscar no banco de informações momentos, lembranças, fatos que tenham alguma ligação com esta palavra. Assim quando ficamos maldizendo um momento, lá vai o cérebro vasculhar situações em que já tenhamos vivido esse mal-estar. E vamos criando uma rede de porcarias mentais que, nem entendemos bem a razão,  nos deixam mais aborrecidos.

Mas e não é melhor falar muito e muito e muito do que nos perturba para tentar trazer para o consciente aquilo que está realmente nos incomodando, e então obtermos a desejada cura? (Acho que isso é Freud) Sei não... Talvez com o acompanhamento de um profissional ou de uma camisa de força isso seja possível, mas assim, sozinho, no caroço do peito? Difícil.

Então o que fazer? O que veio antes, o pato ou a galinha??? As orelhas nunca param de crescer? O Mickey era gay?São tantas as minhas dúvidas que acabo me estressando. E o estresse me deprime. E a depressão me dá insônia. E insone eu não calculo nem para me esconder. E, falando em esconderijo, a dúvida maior: gato escondido com o rabo de fora está mais escondido do que o rabo escondido com o gato de fora??? Hein??

Se a boca fala do que está cheio o coração, ao invés de um infarte ele agora deve estar tendo um surto cárdio-psicótico! 


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