domingo, 13 de fevereiro de 2011

Vai sacudir, vai abalar...

Seguindo na saga "ver todos os filmes do Oscar" hoje foi a vez de "Minhas mães e meu pai" (a rigor o título deveria ser "As crianças estão bem", mas vai entender porque no Brasil os tradutores tomam essas liberdades artísticas com os filmes dos outros...).

Vamos a um resuminho sem contar o final: um casal de lésbicas (Annette Bening e Julianne Moore) engravida por inseminação artificial usando o sêmen do mesmo doador. Desta forma tem dois filhos que são meio-irmãos. Quando a filha mais velha completa 18 anos, ela e o irmão decidem conhecer o pai biológico. Consultado pela clínica, ele não se opõe. O doador é ninguém menos do que Mark Ruffalo que, com aquela cara de cachorro perdido, encanta qualquer um. Sem nem falar. E ele ainda faz um tipo meio alternativo, boa praça (isso é velho!), educado e... disponível.

Se ele fosse um pobretão, se fosse feio, se fosse um chato, possivelmente tudo teria acabado no primeiro encontro. Ele é o oposto. Os filhos e uma das mães sucumbem ao seu charme. O casamento delas entra em crise.

Mas não era uma relação sólida, estável, antiga, baseada em amor e respeito? Não era uma estrutura familiar padrão (se bem que um padrão diferente do normal)? Como pode balançar desta forma?

Pois a palavra de hoje é esta: instabilidade. Adaptando a frase de sei lá quem que diz que de perto ninguém é normal, quando se fala na solidez dos relacionamentos, de perto toda a rocha é uma gelatina.

Não dá para dizer que qualquer coisa seja definitiva na vida. Tudo muda o tempo todo no mundo, já cantava Lulu Santos. As pessoas mudam, a forma como elas vêem o mundo muda, o que elas sentem muda. E se uma pequena conjunção de fatores coloca você frente a frente com Mark Ruffalo em um momento de fragilidade, danou-se! Você esquece que é gay e começa a achar que merece esse presentão!

O filme é levinho e não exige esforço para criar empatia com os personagens. Trata de temas bem atuais e de outros que são eternos em todos os relacionamentos longos. Tem mil aspectos que merecem reflexão.

Tomo um deles e pergunto:

O reconhecimento da instabilidade inerente à vida nos deixa mais atentos aos que nos são caros?

Instabilidade, insegurança, incerteza... Estes temperinhos, bem dosados, podem dar um sabor especial e prolongar a vida a dois. Será?

2 comentários:

Anônimo disse...

Nestor...você sabe o que penso do Mark Ruffalo.
JRios.

Nestor K. disse...

Sei, sim, e não ouso discordar, kkkk.