Homo e heterossexuais, brancos, negros, inter-raciais, novos e velhos, modernos e tradicionais, enfim todos. Todos os casais mais ou menos duradouros passarão um dia pelo teste. Podem negar, negar e negar. Mas é fato. Haverá o dia em que, sem esperar, assim, do nada, acontecerá. Bastará o relacionamento estar minimamente estável, existir aquela sensação de segurança, de estar realmente à vontade ao lado de alguém e acontecerá. Poderá ser no sofá, durante uma sessão caseira de cinema, talvez descuidadadamente, um lavando e o outro secando a louça de um jantarzinho romântico, ou na cama quando, relaxados após uma noite magnífica de sexo selvagem, aguardam o sono chegar. Não importa quando nem onde. O fato é que ele virá. O primeiro pum!
Que horror! Que grosseria! Que desagradável falar sobre isso! Ok. Concordo. Mas é inevitável que isso aconteça. Podemos não falar sobre a morte. Mas morreremos. É fato. Podemos não falar sobre puns, mas... pois é. Vou me furtar de conjugar o verbo. Também tenho meus limites. Mas, acontecerá . E aí o príncipe vira um ogro? A princesinha delicada e fina se transforma em uma sapa (esposa do sapo, que seja esclarecido)? Nada disso. Neste momento ocorre a mágica do amor. Como o amor é lindo! Surpreso com o ruído (ou com o aroma) o jovem apaixonado olha para sua recém descoberta porquinha e fala: O que foi isso, amor? E ela: Foi um ratinho! E riem juntos, achando a maior graça naquele acidente orgânico eventual. Um ratinho! Que fofo! Um ratinho escapou!
Ora, ora, o que se passou foi a fuga de uma fétida ratazana do banhado, metamorfoseada em um mimoso roedor sob o filtro do amor. Achou o pum do outro engraçado? É amor. Se não for amor o que sentimos, soltar pum é falta de respeito. E nunca mais vamos querer sair com aquele porcalhão. Há amor? A gente ri quando ele pergunta, com ar maroto: O que foi isso, um urso? Quá, quá, quá!!! Ele soltou um estrondo daqueles e ainda faz uma cara de assustado e pergunta onde está o urso? Que lindo! Acreditem, leitores, isso é o mais puro e piegas sentimento que chamamos de amor...
Por isso considero o pum um certeiro teste. Serve para aferir a quantidade de amor no início, no meio e no final da relação. E não venha me dizer, qualquer um que tenha tido uma história com alguém, durante um certo período, que isso nunca aconteceu. Sim, estou invadindo uma esfera privadíssima. Isso é desconfortável, mas é real. Ou vai dizer que depois de dois anos morando com o cara vocês continuam correndo para um lugar reservado cada vez que um ventinho se insinua? Nem vocês nem os membros da famíia real britânica! Uma hora ou outra um pum escapa.
Isso pode acabar com o clima de romance. Claro! Então ninguém fica se soltando a torto e a direito. Mas quando acontece, se isso não é motivo para acabar com um casamento de 17 anos, então ainda existe amor.
Saliento aqui que este texto não pretende ser uma apologia do pum. Muito pelo contrário. Sou, aliás, avesso a essa prátca. Até porque o gás metano é um dos responsáveis pelo efeito estufa e não pretendo aumentar minha cota de responsabilidade pela degradação ambiental. De qualquer forma, o pum é uma realidade e serve para testar até onde determinada pessoa é importante para nós.
Pum sem amor é porquice! Com amor, é ursinho!
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