Vê, dobrevê, xis, ípsilon, zê. Era assim que eu terminava de "declamar" o alfabeto, quando fui alfabetizado. Mas meus pais já iam falando que o vê com três perninhas só era usado em casos muito especiais, como também acontecia com o ká e com o ípsilon. E quando se usa o vê com duas perninhas, mãe? Para escrever o nome do teu tio-avô, por exemplo: Tio Westernay. E ela pronunciava assim: Ves-ter-nai. Ah! Então tá.
O ká não me fascinava tanto, tinha uma coleguinha que se chamava Katya. E graças a ela o ípsilon também não era nenhuma grande coisa. Mas o dáblio... sempre me fascinou. Ainda mais quando eu descobri, devia ter uns seis ou sete anos, que ele tinha som de u. Chegou na minha sala de aula um garoto novo, Wesley. E falou que seu nome era Uéslei. Porque não Véslei? Como vocês são burros! Neste colégio de freiras não ensinam inglês? Oh! Fiquei me sentindo o supra sumo da ignorância. Depois, quando uma prima namorou um Washington, eu fui logo acertando na pronúncia: Uóchinton. Agora sim! Mas... e a Walquíria? Cotinuava sendo Valquíria! Gurizinho besta. Vou chamá-la de Ualquíria, por acaso? Não dei mais cabimento e esqueci por um tempo essa questão ortográfica.
Recentemente tive que soletrar o e-mail (ou, mais correto dizer, endereço eletrônico) de um conhecido - cujo nome começa com w - para o colega da mesa ao lado. Percebi, então, que enfiaram o w (e mais o k e o y, sei) no alfabeto da língua portuguesa, mas que não há palavras da língua portuguesa que iniciem com essa letra. As que existem são apropriadas de outras línguas!
Só o que é genuinamente brasileiro, e escrito com dáblio, é esse amontoado de nomes, de gostos e pretensões duvidosas. Wellyngton, Wallace, William (que são da turma do u), Walter, Wagner, Waldemar, Wando (que são da turma do vê) entre muitos outros.
No fundo, no fundo, esse vê de três perninhas só serve prá quem quer se fresquear. De duas perninhas está prá lá de bom para qualquer vivente.
Aceita um uísque? Ou você só bebe wisky?
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